quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Entendendo as diferenças...

Asperger: Discussão

O diagnostico de Síndrome de Asperger deve ser considerado em pacientes com postura bizarra de braços e mãos, não fixação do olhar como interlocutor, mímica facial e corporal pobre e dissociada da conversa, afetividade superficial, voz com pouco ou sem modulação (robotizada), fala rebuscada sem a compreensão devida dos termos, persistência no assunto de seu interesse, compreensão superficial de significados abstratos, dificuldade de compreensão do significado de frase, balbucios e preocupações ilógicas, sintomas obsessivos, humor deprimido, memória muito boa (às vezes fotográfica), dificuldade na narrativa de fatos vividos. Todas essas características estavam presentes no paciente acompanhado por nós.

Do ponto de vista neurobiológico acredita-se que haja suposição de comprometimento de inúmeras estruturas do lobo frontal, do córtex pré-frontal, do lobo temporal, da amigdala e cerebelo, assim como prejuízo em cascata dessas mesmas estruturas. Na ressonância magnética funcional, durante as identificações faciais, encontra-se uma menor atividade no gyrus fusiforme (Lobo temporal) e maior atividade no gyrus temporal inferior. Com base nesses achados, pesquisadores de Yale utiizaram, pela 1º vez ressonância magnética por imagem (MRI) para estudar a organização cerebral em pessoas com Autismo e Síndrome de Asperger e descobriram que esses pacientes percebem rostos como se fossem objetos.

Os diagnósticos diferenciais mais importantes são com o Autismo Infantil (AI), Transtornos Esquizóide de Personalidade (TEP) e Esquizofrenia Infantil (EI). O diagnostico diferencial mais polêmico é entre o AI e Autismo de Alto Funcionamento ou Alto Desempenho (ANF). Também a hipótese de inteligência superdotada é freqüente assim como distúrbio de comportamento não especificado.

O diagnóstico de certeza da SA só ocorre após 6 anos, tem busca ativa de interação social, pode dar impressão de ser superdotado e pais podem ter quadro similar. Essas hipóteses foram feitas no nosso paciente.

A diferença mais importante entre a AI e a Esquizofrenia Infantil é a presença de delírio fundamental para o diagnostico de Esquizofrenia Infantil que só poderá ser detectada após 7 ou 8 anos de idade, época que a criança inicia o desenvolvimento do pensamento lógico-formal.

A diferença entre a Síndrome de Asperger e o Autismo de Alto Funcionamento (ANF) é muito difícil. O ANF possui maior atraso na aquisição de linguagem. O tratamento é o mesmo. O diagnóstico diferencial quanto ao superdotado é muito importante, e requer experiência do médico já que esse diagnóstico satisfaz muito aos familiares. Devemos diferenciar os distúrbios comportamentais ocasionados por vários fatores (social, educativo, familiar) que levam a diagnósticos errôneos como + DAH e outras características Autistas.

O tratamento parte do principio fundamental de identificar co-morbidades psiquiátricas, neurológicas, neuropsicológicas, com o desenvolvimento do programa pedagógico, orientação à família, escola especializada e tratamento multidisciplinar.

Do ponto de vista psiquiátrico o tratamento é sintomático, sendo significativa à presença de depressão, quadros obsessivos e quadros psicóticos em alguma fase da vida.


Texto retirado do site: www.universoautista.com.br

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